Pense grande, comece pequeno, cresça rápido.

Uma das maiores discussões de quem busca empreender no Brasil é justificar a necessidade de pensar em escala, iniciar um negócio com metas de filiais, numero de funcionários e por consequência maior investimento recorrendo ao o argumentos básico de que pensando pequeno ou grande o esforço de planejamento é o mesmo, sendo assim, já que é para planejar que seja pensando grande.

O discurso contrário suscita humildade, sendo necessário responsabilidade para começar pequeno, o chamado MVP, Produto Mínimo Viável, indicado para testar produtos e serviços com menor investimento possível a fim de realizar os ajustes necessários para então pensar em expandir o negócio.

Discussão circular já que uma coisa não exclui a outra, cada modelo de negócio demanda e permite um padrão sustentado pela modelagem financeira. Não é, ou pelo menos não deveria ser, o empreendedor que determina o tamanho que vai iniciar, mas, o modelo de negócio baseado nos estudos, índices e pesquisa de qual o mercado comporta. Alguns argumentos seguem a lógica do turista brasileiro que adora esnobar que anda de metro em viagens pelos EUA e Europa, mas, poucos se sujeitam ao uso habitual do transporte publico para deslocamento diário e impera a máxima, faça o que falo, não faça o que eu faço.

Como diz o ditado, o Brasil não é para amadores, o primeiro desafio para empreender é encontrar um imóvel, que por inúmeros fatores, impactam os custos de locação em torno do 13% á 22% dependendo do local, sem falar em impostos que giram em torno de 33% antes mesmo de imaginar contratar ajuda empregando em custos de CLT o empreendedor tem em mente que mesmo atuando sozinho será o sócio minoritário podendo reservar pouco mais que 8% 12% do faturamento como pró labore.

Mesmo assim as micro e pequenas empresas são os maiores empregadores de mão de obra e que gira a economia brasileira, contra todos os números altos custos e baixas receitas seja pela concorrência ou pela sazonalidade da demanda cíclica de uma economia em crise permanentemente exige flexibilidade.

Assim a partir da decisão de abrir seu negócio o empreendedor se desdobra para manter a porta aberta encarando os desafios burocráticos, falta de apoio, retorno dos impostos em infraestrutura que indiquem uma melhora do cenário que inspire confiança, horizonte de previsibilidade que permita destinar parte do lucro para reinvestir no aumento da receita, seja com propaganda aumentando a demanda, produzindo mais, ampliando espaço de atendimento ou mesmo expandindo para novas freguesias com novas filiais após a abertura da porta, sem planejamento, ele passa a maior parte do tempo esticando a corda de um lado para o outro defendendo o faturamento mínimo para manter a porta aberta.

A pandemia escancarou a precariedade das empresas brasileiras que não possuem reserva de emergência para gestão de crise e ficaram reféns de modelos tecnológicos que entraram nessa “sociedade” pela porta da salvação e sentaram na cadeira da pressão sobre os custos do empresário e funcionários.

Resolver essa equação depende de muita habilidade, suor e principalmente desejo para sair de casa e não cair na armadilha de ter que pagar para trabalhar. Como muitos profissionais liberais chegaram a conclusão que na ponta do lápis suas receitas não cobriam seus custos, para estimular o empreendedor que não toma a iniciativa pela falta de opção, um plano de negócios objetivando um modelo inicial com previsão de escala é necessário para justificar retornos de investimentos que concorram com a oferta do mercado financeiro que paga alto para você deixar o dinheiro na mão de terceiros com retornos de juros altos sem risco.

O investimento em venture capital, ou seja, o capital de risco no primeiro semestre de 2021 foi 44% menor que no mesmo período de 2020, aumentando as exigências dos critérios de alocação agravados agora também pela instabilidade internacional, alta taxa de juros, inflação e conflitos na Europa.

Não saia de casa sem o seu plano de negócios!